Antropomorfismo 1
Antropomorfismo 1

Antropomorfismo é a atribuição de qualidades humanas ou de características de formas humanas à Divindade. A linguagem antromórfica facilita ou torna possível uma melhor compreensão do ser, da natureza e do agir de Deus. 

O assunto faz parte do estudo sobre Deus e sua relação com o homem e o universo. Nos conduz às primeiras impressões da Divindade reveladas nas Escrituras. Os primeiros capítulos de Gênesis não mostram apenas o Deus Criador, mas também fala acerca de sua natureza através da criação e sua imagem e semelhança no homem. É comum encontrarmos em obras teológicas a defesa de que os termos imagem e semelhança são sinônimos, enquanto outros entendem que se trata de interpretação específica para ambos os termos. 

Uma boa interpretação teológica acerca do assunto, tem como princípio o fato de que a imagem e semelhança de Deus em Gênesis não é física, mas espiritual e moral, posto que Ele é descrito como Espírito invisível (Jo. 4.24; I Tm. 1.17) e que nunca foi visto por homem algum (Jo. 1.18). Espírito em hebraico é "ruah" e em grego "pneuma", ambos significam: vento, sopro, hálito ou fôlego. Qual é a forma do vento, do sopro, do hálito ou do fôlego? Sobeja nas páginas da Bíblia Sagrada expressões acerca dos olhos, das mãos, da boca, do coração, das entranhas, dos dedos, dos pés, das costas, das narinas, e outros órgãos, como sendo o Senhor possuidor de todos eles. Afinal, Deus tem ou não um corpo ou seria apenas uma forma corpórea, uma aparência?

Para se relacionar e se fazer compreender com os homens, Deus deixou-se enxergar pela ótica do entendimento humano. Não vemos o Criador reclamando com suas criaturas o fato de não terem uma definição clara de sua forma, mas vemo-lo reivindicando uma melhor compreensão de sua pessoa, natureza e essência para se relacionar com ele. Inclusive a definição de Deus nas páginas do Novo Testamento é: Deus é Espírito (Jo. 4.24), Deus é Luz (I Jo. 1.5) e Deus é Amor (I Jo. 4.8). 

A verdade é que por falta de um conhecimento mais amplo do ser e da essência de Deus, não há como tecer comentários sobre o assunto sem apelar para a linguagem antropomórfica. É muito mais compreensível para o homem pensar em Deus como varão, com mãos, pés, boca, nariz, coração, etc, pois é com esse perfil varonil que tem se revelado aos homens. Mas, Deus precisaria de mãos como nós humanos para agir ou de pés para se locomover? Necessitaria de olhos para ver e boca para falar? Deus teria de fato costas, uma vez que está em todo lugar e nada se furta à sua presença?

Tenho plena convicção de que Deus não precisa, como o homem, de órgãos e faculdades humanas para agir ou se manifestar. Sendo Espírito Pessoal tem personalidade, mas não tem necessariamente um corpo. É preciso comprender a diferença entre espiritualidade, personalidade e corporeidade. Espiritualidade é a capacidade de se relacionar com o divino, enquanto personalidade fala de individualidade consciente, da posse das faculdades da alma (intelecto, sentimento e vontade) e corporeidade aponta para a qualidade do que é corpóreo ou que possui um corpo. 

Admito que o Senhor possa ter uma aparência assim como assume um aspecto varonil, mas o assunto não é tão fácil assim...Não estou falando de Deus como o infinito, o absoluto ou o cosmos (esse seria o deus de Spinoza), uma grande alma que une todas as almas do universo (isso é hinduísmo, bramanismo), nem de concepções tais como Deus está em todas os seres e coisas (isso não passa de panteísmo), tampouco que Deus não pode ser conhecido (isso seria agnosticismo). 

Como não tenciono aprofundar a matéria para não se perder em devaneios teológicos, concluo convidando-os a terem um melhor conhecimento de Deus na Pessoa, Vida e Obra de Jesus Cristo, através da encarnação do Verbo e seu relacionamento com os homens. Se quisermos saber como Deus é, sente, pensa, fala ou age, devemos nos debruçar sobre os evangelhos e sobre a figura de Jesus, sua Pessoa, natureza e obra. Como Deus falaria, sentiria e agiria? Como Jesus de Nazaré, o Deus-homem (Jo. 14.8,9). É como ouvi ou li certa vez o Dr. Caio Fábio: "Se Deus fosse um ser em crescimento e lhe perguntassem o que ele quereria ser quando crescesse, Deus diria: Quero ser como Jesus de Nazaré" (parafraseado). 

Em Jesus Cristo, Deus tem sim pés e mãos, olhos, narinas, boca e coração humano; sente fome, sede e cansaço; sorri, chora e ama; torna-se visível, tangível, toca e se deixa tocar. Nele Deus se manifesta da forma mais completa, não havendo necessidade de que peçamos para ver o Pai. Apesar de se manifestar em carne, as Escrituras não detalha suas características físicas, e semelhantemente ao Deus Criador, o Pai, Ele não reclama uma clara visão de sua anatomia humana, mas um verdadeiro esclarecimento de seus ensinamentos e a prática deles em amor e obediência.

Graça e Paz a todos.

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